terça-feira, 28 de agosto de 2012

(POESIA)-LÁ NO CÉU.


Lá no céu há uma festa,
Reúnem-se os anjinhos.
Embriagam-se de amor,
Alimentam-se de carinho.

Em um canto, lindo anjo,
Sozinho, sem ninguém.
Porque razão se a amo,
E estou sozinho também?...

Porque doce anjo, a tristeza?...
Porque espinhos, não flor?
Porque você nem me nota
Se lhe tenho tanto amor?

Você permanece tão triste...
O tempo vai transcorrendo.
Eu em meu canto, sozinho,
Por amor sigo sofrendo.

Estamos no meio da festa,
Você nem mesmo sorri.
Talvez você se alegre
Sabendo o que sinto por ti.

Sinto medo; Vacilo,
Não ouço me aproximar.
Talvez eu não deva, anjinho,
O seu amor desejar.

E assim o tempo se acaba,
A festa chega ao fim.
Você se perde ao longe,
Nem mesmo lembra de mim.

Sem você, lindo anjo,
Minha vida é sofrer.
Quem sabe ainda me ame,
Como eu amo você?...



                                                    Alexandre Leão.





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

(POESIA)-CAMINHEIRO


  


Em delírio, o viajante,
Começava a desfalecer,
Quando viu mais adiante
Um frondoso pé de ipê.

Abençoado, o caminheiro
Que sentiu a morte, o varrer.
Deu graças ao Deus verdadeiro
Repousou no pé de ipê.

Revigorado então, se ergueu,
Novas terras foi correr.
Por onde quer que correu,
Bendizia o pé de ipê.

Um dia, porém veio estar,
Onde ele esteve a morrer;
Um lenhador a cortar,
Seu amigo pé de ipê.

Alguns anos, passou adiante
O andarilho pelo mesmo correr.
Veio descansar delirante,
Onde estaria o ipê.

 E depois, amargurado,
   Uma lágrima a correr...
Rolou no rosto suado,
Regou o que foi ipê.

Depois se prostrou no chão,
Ali veio a morrer.
Levava no coração,
Também a morte do ipê.




Alexandre Leão.

sábado, 18 de agosto de 2012

(POESIA)- JOGO DUPLO.


          



São duas vidas, duas cenas.
Duas cenas que transcorrem.
Um pai que luta em campo,
A mãe pelo filho que morre.

Mãe desventurada que apela a Deus
Uma réstia de luz ao corpo inocente.
“Levai minha vida e em troca
Levantai este corpo inconsciente.”.

O pai continua seu jogo,
Só pensando em vencer.
Ignora que neste momento,
O filho está a morrer.

Alma criança que ignora,
Se o pai está a jogar.
Ignora o penar da mãe,
Vendo a vida lhe escapar.

Jogo empate; Pai que luta
Para mais um gol marcar.
A mãe, uma alma tão aflita,
Chora o anjo a lhe deixar.

O filho expira!...Já se foi!
A mãe grita: ”Deus do infinito!”.
Um gol contra: “Vitória! Vitória!”.
O pai ouve triste, este grito.




                   Alexandre Leão.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

(POESIA)-SINO MUDO


Dedicado ao irmão e compositor Adriano Lawrence, que aos 18 anos teve sua vida arrebatada em um atropelamento.


                            SINO MUDO.


Tão pequenino recanto...
Pula, revira no ar.
Com tanta ternura e encanto
O sino daquele lugar

Dia, noite, madrugada,
Está sempre a repicar.
Trazendo lindas toadas.
Ao povo daquele lugar.

Toda alma que o escuta,
Queda-se; Faz se calar.
Sino que faz frente às lutas,
Do povo daquele lugar.

É amado! Não! Não o sabe,
Nem mesmo chegou a pensar
Que um dia, não muito tarde,
Não mesclaria àquele lugar.

Tais dias, bem pouco tardaram...
Súbitas, sem esperar,
Mãos rijas o amortalharam,
Como uma pluma no ar.

E hoje...
Hoje não há quem sorria.
Chorando recordam de tudo.
Tudo?...Tudo é o bem que fazia,
Hoje o sino está mudo. 




Alexandre Leão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

(POESIA)-ANJO DO MAR


Sinto fome, sinto frio
E a sede quer matar.
Estou na beira de um rio,
Estou na beira do mar.

Tenho areia como leito,
O céu, de orvalho me cobre.
Pedras afagam-me o peito;
Estou sozinho, triste e pobre.

Ruídos do mar murmurante,
São as canções de ninar.
De repente, flutuante,
Surge um anjo no mar.

Cobre meu corpo sofrido,
Com um manto de calor.
No coração tão sofrido,
Deixa só canções de amor.

 Acomoda-se então ao meu lado,
Liberta-me de todo véu.
Viveremos aqui uma vida;
Seguiremos juntos pro céu.

domingo, 12 de agosto de 2012

(POESIA)-UM ANJO NA TERRA-POEMA

Vejo um anjo passando na rua....
Todo povo sem entender.
“Que faz um anjo na terra?...”
Ninguém sabia dizer.

Vejo o anjo prosseguindo
Sorrindo, sempre a cantar.
O povo sem entender
Não cessava de indagar:
“Que faz este anjo aqui?...”
Ninguém sabia contar.

 A multidão se indagando;
Toda voz chegou a calar.
O anjo parando, sorriu,
Pôs-se então a falar:

 “A terra estava em conflito...
Fui criado de um vento qualquer;
Sou luz aos olhos dos homens...
Não sou anjo... sou mulher.”

sábado, 11 de agosto de 2012

(POESIA)-SANGUE E SAUDADE-POEMA

De rubro tingiu-se à tarde,
A noite descendo calma;
De sangue banhava a cena,
Negra, tornava minh’alma.

Ouviu-se distante, a cigarra,
Canção funesta, enfadonha.
Aquela que amo, tão longe,
Não ouvia a cantiga tristonha.

Quisera ser tu, oh sol rubro,
Que se oculta para a noite vir.
Teus olhos se fecham, esconde
O amor que não podes sentir.

A noite se faz presente!...
O sol já não brilha mais!
Terá tempo para esquecer,
O que não esqueço jamais.

De negro tingiu-se a noite...
Minh'alma então padecia.
Chorei como chora a criança,
Como a tarde que aos poucos morria.

Há dia, noite em minh’alma,
Cingindo de rubro meu ser.
Lembrando os sonhos doirados
Que eu nunca pude viver.

Há dia, noite em minh’alma,
Cingindo de sangue meu ser.
Bem longe, prediz a cigarra,
Que eu nunca vou esquecer.